No Brasil trouxe um crescimento singular principalmente do biomagnetismo como abordagem terapêutica complementar, emocional e preventiva. Clínicas, consultórios, programas corporativos, pesquisas, supervisão clínica, formações técnicas e projetos sociais ampliaram rapidamente a visibilidade da área.
Mas com o amadurecimento, surgiram perguntas essenciais:
• Quem somos como categoria profissional?
• Como nos posicionamos juridicamente e eticamente perante a sociedade?
• Como protegemos a identidade técnica das diferentes PICMAGs já que o próprio biomagnetismo tem diferentes metodologias?
• Como evitamos apropriações, distorções e improvisações?
• Como fortalecemos a regulamentação e o reconhecimento público?
As respostas a essas perguntas não surgem individualmente, e sim a partir de uma construção coletiva, organizada, ética e institucional.
Por isso, unir biomagnetistas não é um capricho — é uma necessidade histórica, técnica e jurídica.
Identidade profissional: a base de tudo
Um dos maiores desafios das terapias integrativas no Brasil é a ausência de identidade profissional e metodológica das diferentes práticas de forma clara e compartilhada. Quando cada praticante se comunica de forma individualizada, sem padronização terminológica, documental e ética, surgem três riscos imediatos:
1. confusão do público,
2. vulnerabilidade jurídica,
3. fragilidade institucional.
Unir biomagnetistas significa unificar linguagem, postura, ética, limites técnicos, documentação e comunicação responsável. Essa identidade coletiva:
• facilita o diálogo com instituições públicas e privadas;
• protege a área de interpretações equivocadas;
• fortalece a credibilidade perante outras profissões da saúde;
• garante padrões consistentes de atuação clínica.
Profissões maduras sempre têm identidade, padronização, corpo técnico, representatividade e supervisão. Sem isso, conhecimento fragmentado corre o risco de ser visto como improvisado, amador ou instável.
Voz pública: reconhecimento exige volume, não isolamentos
Nenhuma categoria profissional conquista espaço institucionalizando-se de forma isolada. Reconhecimento público depende de voz coletiva, não de talento individual.
Em qualquer país, para que terapias inovadoras avancem em:
• regulamentação,
• participação em debates públicos,
• integração com políticas de saúde,
• acesso institucional a espaços corporativos,
• diálogo com conselhos, universidades e prefeituras,
é preciso que a área tenha entidades legitimadas, não indivíduos isolados.
Mesmo que existam profissionais brilhantes, sem união e sem representatividade oficial:
• não há quem dialogue com o Estado,
• não há quem responda por condutas coletivas,
• não há quem defenda a legitimidade técnica,
• não há quem organize pesquisa, diretrizes e normativas clínicas,
• não há quem sustente juridicamente práticas inovadoras.
PICMAG como o biomagnetismo não podem se tornar reféns de carisma individual.
Elas precisam ser reconhecidas como campo profissional estável, organizado e responsável.
Construção histórica: legado não acontece por acidente
Toda profissão tem uma história, uma genealogia e uma trajetória institucional. O biomagnetismo nasceu de forma inovadora, com teorias, protocolos e observações clínicas que hoje movimentam uma geração inteira de terapeutas no Brasil.
Mas sem memória, sem organização documental, sem padronização e sem registro histórico, o conhecimento corre risco de:
• ser distorcido,
• ser apropriado por outras áreas,
• ser esvaziado em discursos comerciais,
• ser diluído em práticas sem rigor técnico,
• perder credibilidade perante a ciência.
A construção histórica é tão importante quanto a prática clínica.
Quando profissionais se unem, é possível:
• documentar casos,
• criar pesquisas,
• registrar protocolos,
• sistematizar diretrizes,
• publicar artigos,
• formar corpo técnico confiável,
• garantir supervisão e ética profissional.
Sem união, o conhecimento fica disperso.
Com união, o conhecimento se transforma em campo institucional.
O risco da fragmentação: o ponto mais delicado
Em qualquer área terapêutica — e especialmente nas não regulamentadas — o maior risco não é a falta de reconhecimento.
O maior risco é a fragmentação, porque ela:
• diminui credibilidade pública,
• enfraquece supervisão técnica,
• estimula práticas improvisadas,
• desestrutura a identidade profissional,
• facilita litígios ou interpretações legais desfavoráveis.
Quando cada profissional se posiciona sozinho, a sociedade não enxerga uma profissão — enxerga manifestações individuais.
Isso coloca as PICMAGs em uma posição vulnerável, tanto cultural quanto institucional.
Unir biomagnetistas significa reduzir o improviso e elevar a responsabilidade coletiva.
Institucionalização científica: o próximo passo
Nenhuma profissão integrativa é legitimada apenas pela eficácia clínica percebida.
Ela é legitimada quando:
• cria corpo documental,
• publica dados,
• organiza metodologias,
• padroniza terminologias,
• estabelece diretrizes éticas,
• produz ensino continuado supervisionado,
• registra produção científica verificável,
• documenta casos e efeitos complementares.
Sem essas frentes, nenhuma profissão chega à maturidade institucional.
Esse é o papel central da ABRABIO:
ser a guarda documental, ética, técnica e estratégica das PICMAG, articulando:
• educação,
• ciência,
• representatividade,
• responsabilidade pública,
• supervisão clínica,
• comunicação institucional,
• e defesa jurídica da categoria.
Indivíduos isolados não conseguem fazer isso — porque isso exige legitimidade, estrutura, debate formal, governança profissional, assembleias, regimento interno, estatuto e mecanismos de deliberação.
Solidariedade profissional: a maturidade da categoria
A união não é somente um mecanismo político ou jurídico.
É também um ato de responsabilidade emocional entre terapeutas
Biomagnetistas compartilham:
• a carga emocional do cuidado,
• o desafio de atender famílias vulneráveis,
• a responsabilidade de dialogar eticamente com pacientes graves,
• a necessidade de documentação,
• e a supervisão técnica quando casos extrapolam limites individuais.
A educação continuada através de congressos, simpósios palestras,documentários, assembleias, grupos clínicos, estudos de caso e a supervisão coletiva não são burocracia — são maturidade profissional e emocional.
Profissões que atuam com sofrimento humano precisam trabalhar em rede, não em isolamento.
O futuro: regulamentação, ciência aplicada e diálogo institucional
Para que as PICMAG avancem em reconhecimento:
• no SUS,
• nas empresas,
• em programas de saúde ocupacional,
• em instituições integrativas,
• em políticas públicas,
• e em normativas técnicas,
é indispensável que exista:
• identidade já consolidada,
• assinatura institucional,
• ética padronizada,
• produção científica organizada,
• educação continuada unificada,
• linguagem regulatória clara,
• e representação oficial de classe.
Não existe regulamentação sem organização profissional.
E não existe organização sem união.
O reconhecimento futuro não será construído por disputas individuais, mas pela coerência histórica, pela governança profissional e pela responsabilidade coletiva.
Conclusão
Biomagnetistas precisam se unir por três razões fundamentais:
1. identidade profissional clara,
2. voz pública legítima,
3. construção histórica documentada.
Esses pilares:
• protegem o paciente,
• fortalecem o profissional,
• credibilizam a área,
• viabilizam regulamentação futura,
• evitam distorções e improvisos,
• e posicionam o biomagnetismo como campo ético, técnico, integrativo e institucional.
A união não apenas fortalece a profissão.
Ela protege o legado das PICMAG, garante continuidade segura das práticas terapêuticas e cria condições para que a próxima geração exerça uma profissão respeitada, madura e representativa.
E isso é histórico.